quinta-feira, 10 de março de 2011

Paz e amor, bicho!


Você pode até não se ligar em música, ter nascido nos anos 80 e achar essa história de “paz e amor” dos hippies uma grande viagem. Mas com certeza já ouviu falar em Woodstock, o festival de rock realizado nos Estados Unidos no final dos anos 60 que marcou toda uma geração e um conceito de vida. O que era para ser apenas um evento para a juventude se transformou no marco de uma cultura que encontra ecos até os dias atuais. Se você deseja entender o que se passou naqueles três míticos dias, ‘Aconteceu em Woodstock’ pode ser uma boa introdução. Se não está nem aí com a história e procura um pouco de diversão, funciona da mesma maneira.
Dirigido pelo taiwanês Ang Lee (de obras tão díspares como o primeiro ‘Hulk’ e ‘O Segredo de Brokeback Mountain’), ‘Aconteceu em Woodstock’ leva para as telas o livro homônimo de Eliiot Tiber e Tom Monte, que relata como nasceu o festival. Tiber, personagem principal da narrativa (vivido aqui pelo comediante Demetri Martin), era o jovem proprietário de uma decadente pousada na pequena Catskills, encravada no interior dos Estados Unidos. Em um misto de estratégia de risco e golpe do destino, ele consegue fazer com que o evento, vetado em outras cidades, seja realizado em sua vizinhança.
Como era de se esperar em uma conservadora cidade do interior, a reação da comunidade não é nada positiva. A grande maioria teme pela invasão de milhares de jovens drogados e arruaceiros que acabarão com a paz e o sossego da ordeira cidadezinha. Esse é apenas um dos empecilhos que o jovem empresário vai vencendo, ao lado dos pais (Henry Goodman e Imelda Staunton) e uma gama de personagens que inclui o sempre tranquilo organizador do festival, um amigo doidão e um inusitado travesti.
Diferente de suas produções mais recentes, Ang Lee adota em ‘Aconteceu em Woodstock’ um tom extremamente leve, descompromissado e divertido. Fiel à obra literária, ele não está muito preocupado em mergulhar no universo transformador do evento, apenas em mostrar como algo que nasceu quase que por acidente ganhou proporções inimagináveis para qualquer um dos envolvidos. O centro da ação não está na multidão que se aglomerou em torno do palco, mas nos arredores onde a vida de muitas pessoas também se transformou.
Apesar de focar sua trama nos personagens, o diretor é extremamente caprichoso na reconstrução de época. A multidão que caminha pacientemente, o mar de cores dissolvido pela montanha e até os famosos banhos de lama são reproduzidos com fidelidade impressionante. Há quem reclame que faltou um pouco do ar lisérgico e psicodélico que predominou na plateia, mas nada que comprometa a narrativa, que mesmo sustentada por clichês, funciona como um relógio.
Para quem deseja entender um pouco mais do espírito Woodstock, recomendo assistir ao documentário ‘Woodstock – Três Dias de Paz, Música e Amor’, esse sim rodado dentro do festival, com entrevistas e apresentações musicais. Para aqueles que preferirem se divertir com outros detalhes da saga de Eliiot Tiber, o livro ‘Aconteceu em Woodstock’ também é uma ótima pedida. Peace!

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