sábado, 19 de março de 2011

No velho estilo bangue-bangue


Vez ou outra, Hollywood tenta reavivar o gênero western, bastante popular no passado e que hoje encontra espaço apenas na memória de cinéfilos e saudosistas. Recentemente, duas produções recolocaram os chamados ‘bangue-bangue’ em evidência: ‘O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford’, de Andrew Dominik (já resenhado neste espaço) e ‘Os Indomáveis’, de James Mangold. Mas, enquanto o primeiro trilhava por uma linha sombria e intimista, este último tem um estilo conservador, resgatando todos os elementos e clichês do gênero. Melhor para quem se divertiu no passado ao som das balas e galopes dos cowboys.
‘Os Indomáveis’ é uma refilmagem de um western de 1957, ‘Galante e Sanguinário’, cujo elenco era encabeçado por Glenn Ford, um dos grandes astros dos faroestes da época. O filme, por sua vez, era adaptado de um conto do escritor ‘pulp’ norte-americano Elmore Leonard, que em suas obras costuma combinar personagens de índole duvidosa, traições e um certo charme fora da lei. A nova versão, dirigida por James Mangold, não decepciona ao transpor esses elementos atuais em um cenário, digamos, saudosista.
Apropriando-me de um velho chavão do estilo, Ben Wade (o sempre competente Russel Crowe) é o bandido mais temido da época. Com seu bando, assalta diligências e não hesita em matar quem quer que cruze seu caminho. Porém, um vacilo faz com que caia em uma emboscada e seja preso. Seu destino será a prisão de Yuma, para onde são mandados os criminosos mais perigosos. Uma comitiva será encarregada de levar Wade até a estação ferroviária, para que embarque no trem antes que seu bando reapareça para resgatá-lo.
Dan Evans (Christian Bale) é um fazendeiro endividado, infeliz e ameaçado pelos proprietários das terras onde vive com a esposa e dois filhos. É graças a ele que a polícia consegue prender Wade. Quando são recrutados os homens que farão a escolta do bandido até a estação ferroviária, Evans não hesita em se colocar à disposição, apostando na condição de atirador eficiente dos tempos da Guerra da Secessão e no dinheiro que vai ganhar com a tarefa. Como nos velhos trailers, a pergunta que se faz é: conseguirá o grupo embarcar Wade no trem antes que seu temível bando o encontre?
A maior qualidade da história e que acaba sustentando o filme é o clima de expectativa que se desenrola a partir do momento em que a comitiva parte com o prisioneiro. Há algumas pequenas reviravoltas no trajeto, sabemos que mais cedo ou mais tarde a quadrilha e o grupo vão se encontrar, mas a tensão permanece no ar até o final. Tiradas irônicas, tiroteios com mãos habilidosas e galanteios cafajestes são alguns dos clichês (aqui sem tom pejorativo) que alimentam a saga ao estilo das velhas produções.
O problema de James Mangold, cineasta competente, é ser burocrático demais. Seus filmes são conduzidos com eficiência, mas carecem de um pouco mais de ousadia, resultando sempre naqueles tradicionais ‘três estrelas’: bons, mas nada de excepcional. No fundo, ‘Os Indomáveis’ é isso: um bom e divertido western, que se não é memorável, aplaca as saudades dos fãs do gênero.

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