sábado, 12 de março de 2011

Diversão a toda prova


É difícil falar de um blockbuster quando do seu lançamento em DVD, afinal tudo o que tinha para ser dito, de bom ou ruim, já o foi quando de sua chegada aos cinemas. Em alguns casos, porém, vale a pena retomar a discussão e buscar algo a mais para se comentar. Como, por exemplo, em ‘Homem de Ferro’, a divertidíssima adaptação cinematográfica para mais um personagem dos quadrinhos. Cinemão pipoca da melhor qualidade, que mesmo não indo muito além do mero entretenimento, tem bons motivos para consumir duas horas de atenção.
Nunca fui um grande conhecedor de quadrinhos, mas sei que seus fãs são bastante exigentes quando o assunto são adaptações cinematográficas. Por isso, o desafio de roteiristas e diretores nessa área é criar filmes que sejam fiéis à ideia original, mas que não se tornem incompreensíveis para o grande público. Pelo que me consta, o diretor Jon Favreau acertou a mão nessa adaptação, formando um consenso entre crítica, grande público e admiradores do Homem de Ferro.
Como tem sido praxe nas recentes adaptações de quadrinhos, ‘Homem de Ferro’ resgata as origens de seu personagem, para apresentá-lo ao público e depois consolidar o super-herói. Temos então Tony Stark, um milionário de meia-idade, mulherengo e beberrão, que faz sua fortuna com a produção de armas. Em uma negociação no Afeganistão, Stark é sequestrado por um grupo terrorista, que exige dele a construção de uma arma poderosíssima. Ao invés disso, ele constrói uma super armadura que lhe permite a fuga. Inconformado ao ver que suas armas estavam servindo para causar morte e destruição, o milionário aperfeiçoa a armadura e passa a utilizá-la para combater seus inimigos. Assim nasce o Homem de Ferro.
A história do personagem traz algumas peculiaridades que acabam por diferenciar o filme de outras produções similares. Uma delas é o fato de ele se tornar super-herói não por uma fatalidade ou um acidente da natureza, mas por opção própria. Com isso, não há resquícios de melancolia como Batman, crises existenciais como as do Homem Aranha, ou a rebeldia inconformada de Hulk. Tony Stark assume uma nova identidade para ir à forra contra a injustiça à qual era cego até então. Dane-se o resto.
Outro diferencial está na personalidade do herói. Ao invés de um jovem traumatizado cheio de expectativas, o sujeito que veste a armadura é alguém que já viveu bastante, mas ainda se comporta como uma criança. Politicamente incorreto, está longe de ser o exemplo que os pais gostariam para seus filhos. E ninguém melhor do que Robert Downey Jr., que já passou por poucas e boas no mundo sórdido das celebridades, para incorporar o personagem, dando-lhe todo o sarcasmo e malícia exigidos.
O que outros filmes recentes como ‘Homem Aranha’, ‘Batman Returns’ e ‘Superman’ tinham de formal, ‘Homem de Ferro’ tem de despojado. Há muito mais ação e risos do que reflexões e tentativas de encaixar alguma problemática real contemporânea. Com o perdão do trocadilho: divertimento puro, sem frescuras, que todos precisamos de vez em quando, já que ninguém é de ferro.

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