quinta-feira, 10 de março de 2011

Ação com toque europeu

 
De heróis de filmes de ação o cinema está cheio. Desde os clássicos, como Clint Eastwood, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger aos mais contemporâneos, como Matt Damon na trilogia ‘Bourne’ e o inglês Jason Statham. O que me parecia difícil imaginar era um sujeito como Liam Neeson, acostumado principalmente a interpretar protagonistas de dramas históricos, distribuindo tiros e pontapés. Pois não é que ele se sai bem? Sua presença acaba sendo o charme maior de ‘Busca Implacável’, thriller de ação que também tem alguns outros méritos.
A principal referência nas credenciais de ‘Busca Implacável’ não é nem a direção do francês Pierre Morel, ex-diretor de fotografia de produções nem tão ilustres. O chamariz, além de Neeson, é a assinatura do conterrâneo Luc Besson na produção. O mais pop dos cineastas franceses tem em seu currículo filmes como ‘Subway’, ‘Nikita’ e ‘O Profissional’, que mesclavam as técnicas hollywoodianas a um pouco do tom autoral do cinema europeu.
Produzido na França, ‘Busca Implacável’ está muito mais para a pirotecnia norte-americana do que para o intimismo europeu. Mas há um quê diferente nessa produção, em especial na maneira de filmar o que está todo o mundo acostumado a ver nos blockbusters. Comecemos pela escolha do protagonista: Liam Neeson, com sua fleuma e cara de abandono, não é do tipo que chega metendo medo e impondo respeito quando alguém olha torto. Por isso mesmo a ideia foi tão acertada, confrontando-nos logo de início com um paradigma do cinemão pipoca.
Neeson é Bryan Mills, um agente da CIA aposentado que ganha a vida fazendo uns bicos como segurança particular. Seu interesse maior, após tantos anos de ação, é ficar próximo da filha Kim (Maggie Grace). Ela tem apenas 17 anos e quer viajar para a França com uma amiga. Após uma boa dose de relutância, o pai finalmente autoriza a garota a viajar, desde que telefone para ele todas as noites. Até aí tudo corre naquele tradicional esquema de clichês sobre casais separados, afastamento dos filhos e blábláblá.
Passada a meia hora inicial, entremos no que interessa. Por telefone, Bryan ouve a filha ser sequestrada e manda um recado aos bandidos: ‘vou encontrá-los e matá-los’. A resposta, um seco ‘good luck’, soa como um desafio. É quando o pacato cidadão se transforma e dá lugar ao velho agente, com todos seus truques e técnicas infalíveis. Sua disposição avassaladora impõe um ritmo frenético de brigas, tiros e perseguições que só termina na última cena.
Além de Neeson, cujo personagem guarda semelhanças com Jack Bauer (o agente durão da série ’24 Horas’), ‘Busca Implacável’ tem como ponto forte as sequências de ação. Filmadas à moda antiga, são feitas com dublês e motoristas profissionais, dispensando a computação gráfica que torna qualquer coisa verossímil hoje em dia. A curta duração (pouco mais de uma hora e meia) evita rodeios e faz com que o filme prenda a atenção até seu desfecho. Naquele estilo ‘final feliz com moral’, mas enfim... não é necessário exigir tanto.

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