domingo, 4 de setembro de 2011

A revolução dos macacos



Lá se vão mais de 40 anos desde que Charlton Heston notabilizou uma das mais célebres cenas da história do cinema. Ao se defrontar com os destroços da Estátua da Liberdade, um astronauta teve a terrível revelação de que os macacos haviam dominado a humanidade. Era o desfecho de ‘O Planeta dos Macacos’, que se tornou um clássico e desde então parece ter desenvolvido uma curiosa atração por sua teoria, com várias sequências e uma refilmagem, todos muito aquém do original. Com Hollywood cada vez mais ávida em ressuscitar franquias de sucesso, era questão de tempo para que os símios voltassem à cena novamente, com roupagem mais moderna e efeitos de última geração.
Pois de todas as tentativas de retomar o sucesso original, ‘Planeta dos Macacos: a Origem’ acaba sendo a mais bem sucedida. Primeiramente por partir de um argumento ainda não explorado, o de como os macacos vieram a dominar a Terra. Em segundo lugar por seus efeitos especiais, que deixam no passado as hoje caricatas máscaras de borracha e transformam os animais em protagonistas cheios de vida. Nada que se compare ao impacto e a inventividade do primeiro filme, mas uma diversão até certo ponto eficaz.
O começo de tudo está em uma empresa que realiza experiências com macacos, a fim de descobrir uma cura para o mal de Alzheimer. Os experimentos são liderados pelo cientista Will Rodman (James Franco), que vê o pai (John Lithgow) definhar com a doença. Os resultados são promissores, até que um dos animais sai do controle e faz com que as tentativas sejam abortadas. Resta apenas um filhote, levado pelo cientista para sua casa, onde cresce e demonstra inteligência extraordinária. Tão extraordinária que, após causar um incidente e ser levado para um abrigo, o macaco denominado César se torna o líder de uma revolução símia.
Apesar de se esforçar para estruturar uma história minimamente convincente, o roteiro se sustenta à base de clichês. Desde o conflito entre o cientista idealista e o empresário inescrupuloso, passando pelo reduto de maus tratos aos bichos, chegando à batalha entre macacos e humanos pelas ruas de San Francisco. Não chega a ser um libelo em defesa dos animais, mas também não é apenas um filme de ação bobo.
Dirigido por um quase estreante (Ruppert Wyatt), ‘Planeta dos Macacos: a Origem’ tem seus melhores momentos nas sequências protagonizadas pelos personagens do título. Com a mesma técnica de efeitos especiais utilizada em ‘Avatar’, o ator Andy Serkis (que já interpretou criaturas como King Kong e o Gollum, de ‘O Senhor dos Anéis) consegue dar ao chimpanzé César um desempenho impressionante. As feições, os gestos e a interação com os outros macacos resultam em cenas de um impacto jamais visto no cinema quando se trata de criaturas não humanas (ou quase isso).
Fica evidente que este novo ‘Planeta dos Macacos’ tentou usar como mote a discussão sobre os limites éticos nas experiências com animais. Porém, faltou dar um pouco mais de credibilidade aos personagens humanos. Tamanha é a apatia dos atores que a torcida é para que já na metade do filme os macacos dizimem-nos de uma vez.


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