segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Entre erros e acertos



À exceção de ‘Cidade de Deus’ e ‘Tropa de Elite’, o cinema brasileiro nunca levou muito jeito com filmes policiais ou de ação. Mesmo com avanços na parte técnica, produções como ‘Verônica’, ‘400Contra1’ e ‘Segurança Nacional’ estão longe de poderem ser considerados bons exemplares do gênero. A mais recente aventura no gênero foi ‘Assalto ao Banco Central’, que pelo menos ganhou a simpatia do público, atingindo na última semana a marca de 1 milhão de espectadores. Não que eu tenha considerado um grande filme, mas em meio ao achincalhe da crítica, acredito que é possível enxergar nele algumas virtudes.
Debutante na direção cinematográfica, o ator global Marcos Paulo parte de um episódio real, o maior roubo ocorrido no Brasil. Em 2005, ladrões cavaram um túnel para levar R$ 165 milhões do Banco Central de Fortaleza. Alguns dos bandidos foram presos e parte do dinheiro recuperado. O filme romantiza a história e, tomando algumas liberdades, procura mostrar quem foram os criminosos, como planejaram a operação e de que maneira se deixaram ser descobertos pela polícia.
Como foi insistentemente comparado, o filme se apresenta como uma espécie de ‘Onze Homens e um Segredo’, a famosa franquia liderada por George Clooney. Para colocar seu plano em prática, o Barão (Milhem Cortaz, nova figurinha carimbada do cinema nacional) arregimenta um grupo de marginais, cada qual com sua especialidade: o conciliador (Eriberto Leão), o engenheiro (Tonico Pereira), o perito em escavações (Gero Camilo), o ex-policial (Heitor Martinez) e por aí vai.
Alternando a narrativa entre antes e depois do crime, a história revela o que deu certo e o que deu errado no plano. Nesse caso, o modelo do qual o diretor se apropria lembra o de ‘O Plano Perfeito’, de Spike Lee, porém, com resultados bem inferiores. Mesmo assim, ‘Assalto ao Banco Central’ acerta na tentativa de conduzir a história com menos didatismo. De certa maneira, a experiência funciona, alimentando a expectativa da plateia em torno daquilo que se sucedeu.
O problema é que o diretor Marcos Paulo não conseguiu desenvolver a contento nenhuma das ideias às quais se propôs. Como drama psicológico não evolui porque seus personagens são extremamente rasos e estereotipados, entoando diálogos chavões. Como trama policial também não engrena, já que seu suspense é criado forçosamente e o humor quase sempre colocado na hora errada. Aí é quando lembramos de onde vem o autor, que acaba recorrendo a alguns cacoetes televisivos para amarrar as pontas da narrativa.
Ainda assim, por mais defeitos que possua, ‘Assalto ao Banco Central’ me incomodou muito menos do que outras produções nacionais. Talvez porque tenha sua funcionalidade como produto de entretenimento e tente enveredar por uma linha cinematográfica, não apenas requentar fórmulas da televisão. A apropriação de exemplos hollywoodianos dá um ar de cinema de fato, não apenas novela na tela grande, como estamos acostumados a ver. Em um meio que ainda tenta se encontrar na relação com público e crítica, a iniciativa é válida.


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