quarta-feira, 1 de junho de 2011

Que fim levou a criatividade?


É com um misto de receio e conformismo que pretendo ir ao cinema assistir a ‘Se Beber Não Case 2’. Receio de estragar a boa impressão causada pelo primeiro filme, uma comédia inventiva, com boas piadas e um roteiro digno, coisas cada vez mais difíceis de encontrar em uma mesma produção humorística. E conformismo porque tenho quase certeza, pelas críticas e comentários lidos, que é exatamente essa decepção que vou encontrar. Mais do mesmo ou, melhor dizendo, menos do mesmo.
Não é de hoje que me causam certa desesperança os rumos que o cinema vem tomando ultimamente. Vejamos os principais filmes em cartaz, além de ‘Se Beber Não Case’: ‘Piratas do Caribe 4’, ‘Pânico 4’, ‘Velozes e Furiosos 5’, ‘Kung Fu Panda 2’... na maioria dos casos episódios decadentes de franquias já desgastadas após um início promissor (exceto ‘Velozes e Furiosos’, que não deveria nem ter nascido). Produções que caminham para o mesmo fim melancólico de ‘Shrek’, ‘Alien’, ‘A Hora do Pesadelo’, entre tantos outros.
Não bastassem as continuações, estamos em meio a uma enxurrada cada vez maior de refilmagens. Senão de clássicos da década de 80, como ‘Karate Kid’, ‘A Hora do Espanto’ e ‘Robocop’ (estes dois últimos ainda por vir), de produções periféricas, como o sueco ‘Deixa Ela Entrar’ ou o dinamarquês ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’. Todos os dias eu não deixo de me perguntar: onde diabos anda a criatividade? Será que estamos chegando no limite de capacidade inventiva dos realizadores? Ou a culpa é do público, que prefere a sensação de déja vu ao risco de experimentar algo diferente?
O cinema norte-americano parece estar padecendo de alguma espécie de complexo de meia-idade. O vigor não é o mesmo, os dias são outros, é preciso buscar uma fonte da juventude que devolva a energia para interagir com os mais novos. Nunca o passado foi tão inspirador para Hollywood como nos dias de hoje. Há quem veja diversão nisso, mas na maioria das vezes eu enxergo apenas um senhor patético e decadente. Particularmente, prefiro preservar o doce sabor da nostalgia: se for para reviver, que seja com a experiência original.

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