domingo, 12 de junho de 2011

Poderes revigorados


Na semana passada, quando falava sobre ‘Se Beber Não Case 2’, citei as duas modalidades de sequência cinematográfica existentes, a que se limita a repetir o filme anterior e a que ganha vida própria ao se constituir como parte de uma história mais elaborada. Se a comédia dos bêbados era um típico exemplar do primeiro gênero, o segundo tem como um de seus melhores frutos a série ‘X-Men’. O quinto filme da franquia, ‘X-Men – Primeira Classe’ chegou às telas no último final de semana repetindo o desempenho dos episódios anteriores: trazendo novos atrativos, mantendo o vigor e deixando as portas abertas para que novos filmes venham por aí.
A adaptação de um dos quadrinhos mais famosos da história começou há pouco mais de dez anos, com o primeiro ‘X-Men’. Em um resultado não muito fácil de se obter, o filme foi sucesso absoluto tanto entre o grande público como entre os exigentes fãs de HQs e a crítica especializada. Por lidar com uma gama bastante ampla e complexa de personagens, não foi difícil elaborar as sequências, que tiveram a possibilidade de focar melhor em um ou outro herói, criando assim novas subtramas sem cair na mesmice.
O subtítulo ‘Primeira Classe’ desta nova produção remete às origens do grupo e abre mais uma trilogia, agora voltada para o passado dos personagens. Neste caso, as figuras principais são os dois líderes dos X-Men, Professor Xavier (celebrizado por Patrick Stewart e agora vivido por James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender, no papel que era de Ian McKellen). O filme busca responder a algumas perguntas de quem não acompanhou os quadrinhos: como os dois romperam a amizade e se tornaram inimigos? Como Xavier foi parar em uma cadeira de rodas? Por que o conflito entre os dois segmentos mutantes?
O produtor Bryan Singer (diretor dos dois primeiros ‘X-Men’ e autor da ideia do novo filme) tomou a liberdade de construir sua própria versão dos fatos, que destoa um pouco dos quadrinhos. O que parece não ser problema nenhum, visto que o roteiro consegue construir de maneira consistente uma narrativa que mescla experiências genéticas, conflitos políticos (a Guerra Fria na década de 1960) e psicológicos. Claro, sem abandonar as sequências de ação e os efeitos especiais mirabolantes.
O diretor Matthew Vaughn (do divertido ‘Kick-Ass – Quebrando Tudo') consegue equilibrar elementos que estão na essência da série e novidades que revigoram a trama. ‘Primeira Classe’ é mais reflexivo que os outros, além de inserir elementos históricos na narrativa. Ao mesmo tempo, consegue colocar algumas doses de humor e deixar as sequências de ação para os momentos certos. Se por um lado o filme se mantém fiel ao que foi feito até aqui, por outro dá um novo fôlego à franquia, cuja fonte de ideias ainda parece longe de esgotar.
Nessa era de continuações e refilmagens, os mutantes de ‘X-Men’ parecem dar poderes para que seus filmes contrariem o mercado e se aperfeiçoem cada vez mais. A nota negativa mais uma vez fica por conta dos cinemas ponta-grossenses, que mesmo com a concorrência, forçam o espectador a assistir à versão dublada.

Um comentário:

  1. Força o espectador a assistir dublado fazendo com que um filme muito bom, como o x-men first class, se transforme em um filme da "Tela Quente".

    ResponderExcluir