A comparação com ‘Crepúsculo’ ou ‘Código da Vinci’ não é por acaso. A trilogia ‘Millenium’, do escritor sueco Stieg Larsson, é um fenômeno de vendas, com suas histórias de mistério protagonizadas pelo jornalista investigativo Mikael Blomkvist. ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’ é o primeiro volume da série, que já teve os outros dois livros adaptados para o cinema, além de originar uma série de televisão. Ainda que não seja tão popular como as outras obras citadas, tem um vasto público a explorar.
Mas, para a nossa felicidade, existem diferenças significativas entre algo produzido e adaptado na Europa e aquilo que o público universal médio está acostumado a consumir.
Quem assumiu a empreitada de levar a história para os cinemas foi o dinamarquês Niels Arden Oplev, nome que, se conhecido dos brasileiros, é apenas daqueles que freqüentam o circuito dos festivais. Se algum figurão do panteão hollywoodiano tivesse tomado a dianteira, dificilmente veríamos na tela a carga dramática e o impacto presentes no filme.
Nele, o jornalista Mikael Blomkvist começa sendo condenado à prisão por conta de uma reportagem contra um poderoso empresário. Ameaçado de perder o emprego na revista em que escreve, aceita a proposta de um milionário para que investigue o sumiço da sobrinha, ocorrido há quatro décadas. Por mais que não haja nenhuma evidência, ele tem certeza que a jovem, então com 16 anos, foi assassinada por um dos membros da família.
Entra em cena então aquele que é o grande personagem de ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’: a investigadora Lisbeth Salander. Coberta de piercings, hacker exímia e de passado misterioso, a garota é contratada para monitorar o jornalista, mas acaba por ajudá-lo em sua investigação. Paralelamente ao quebra-cabeças para desvendar o crime, o filme explora o drama físico e psicológico da protagonista, envolta em um passado nebuloso e um presente conturbado.
O roteiro segue a cartilha do bom suspense, em desuso no cinema atual, que prefere ludibriar o espectador com sustos, brigas e perseguições. Uma gama de suspeitos, pistas esparsas, trilha sonora climática e a tensão que se prolonga até os minutos finais. Uma fórmula simples, mas que em momento algum nos deixa abstrair da narrativa. Há momentos mais pesados, de perversão e crueldade, que podem causar desconforto, mas são fundamentais à trama. Complexo? Não para quem sabe contar uma boa história.
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