domingo, 10 de julho de 2011

Um herói sem salvação


A melhor coisa de ‘Besouro Verde’ são seus créditos finais. Quando se começa assim a crítica de um filme, certamente está longe de ser um elogio. Dizer isso dói ainda mais quando a produção reunia todas as condições para ser um filme pelo menos divertido. Vejamos o time: na direção, Michel Gondry, responsável por ‘Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças’ e ‘Rebobine, Por Favor’; o roteiro elaborado por Seth Rogen e Evan Goldberg, os mesmos de ‘Superbad – É Hoje’; e como protagonistas o mesmo Rogen, um dos nomes mais proeminentes da comédia atual, e Cristoph Waltz, o inigualável vilão de ‘Bastardos Inglórios’. Pois mesmo com todos esses craques, ‘Besouro Verde’ não decola.
Mais uma vez, estamos diante de um caso de reciclagem, a cada dia mais frequente no cinema atual. Talvez poucos recordem, mas ‘Besouro Verde’ era uma série televisiva dos anos 60, que pegou carona no sucesso de ‘Batman’ para tentar vender um novo super-herói. O sucesso não veio, mas a série acabou se tornando cult por ter como coprotagonista Bruce Lee, o mestre das artes marciais que fez sua estreia em território norte-americano após ser consagrado como ídolo em Hong Kong.
A fim de pegar carona na aura cult do seriado, Michel Gondry fez uma adaptação adequada para os dias atuais, injetando humor, estética de videoclipe e ação frenética. Nela, Seth Rogen vive Britt Reid, o playboy que não está nem aí para os negócios da família até que o pai, dono de um grande império de comunicações, vem a morrer. Obrigado a assumir a fortuna e a empresa, conhece Kato (o ator oriental Jay Chou), que de motorista e mordomo, se revela um inventor brilhante. Um episódio acidental motiva a dupla a assumir identidades secretas, criar engenhocas para combater o crime e se tornarem super-heróis.
Entre se consolidar como um filme de herói ou uma comédia, o diretor optou pela segunda opção. De fato existem algumas boas piadas e situações divertidas, mas a atuação de Seth Rogen é tão exagerada que chega a ser irritante. Geralmente, o ator interpreta uma espécie de Homer Simpson, aquele sujeito desajeitado, pouco inteligente, mas que conquista as pessoas com sua graça. E esse estereótipo acaba não caindo bem na pele de super-herói, que acaba virando uma escada para o personagem de Kato, bem mais interessante.
Além do ator oriental, sobra como ponto positivo também a interpretação de Cristoph Waltz, que só pelo nome de seu vilão (Chudnofsky) já rouba a cena. Nem vou falar na presença de Cameron Diaz, que funciona mais uma vez como mera figura decorativa. De resto, ‘Besouro Verde’ se resume a um amontoado de clichês com cenas de ação exageradas, embalado em uma estética modernete. Decepcionante para um diretor como Michel Gondry, que havia mostrado talento e inventividade em seus filmes anteriores.
Menos mal que agora o filme está disponível em DVD, portanto, o espectador está a salvo do crime que foi a versão em 3D lançada nos cinemas. A diferença era sentida apenas nos créditos finais, que, conforme dito no início do texto, são o mais divertido de tudo.


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